Terça Feira 07/08/2012 Foi lançamento do “Rescaldo”, segundo
livro do poeta José Bezerra Cavalcante.
O lugar não poderia ser mais propício: a sede social das
Amigas do Lar de Esperança, antiga residência do autor. Parafraseando o adágio
popular, retorna Zezinho ao convívio de seus conterrâneos em seu lyrio
verdejante.
O evento foi prestigiado pela sociedade esperancense que
escutou atentamente a preleção do autor, e registrado pelas optivas da TV Lirio
Verde.
O livro guarda certa coerência com o seu primeiro trabalho
poético – Baú de Lavras – que veio a lume em 2009, por ocasião dos cinqüenta
anos do movimento literoartístico denominado “Geração 59” do qual participou.
Todavia, apresenta uma maturidade e uma vivência poética bem mais acentuada.
Os versos dizem um pouco da sua trajetória de vida. Chamam a
nossa atenção o poema-título “Rescaldo” (pág. 21), que com uma sutileza
deslumbrante abre o ciclo do “Tempo insepulto”, e prossegue da “Onirogafia” até
o “Fim” propriamente tido (pág. 112).
“Pavão desencantado” – segundo o autor – inspira-se na
literatura de cordel que ele costumeiramente adquiria nas feiras livres. “Mas
não vá querer que eu aqui desencante o pavão!”, brincou ao responder ao
ativista cultural Evaldo Brasil.
A influencia deste gênero já se fizera sentir desde o Baú,
no poema “Cordel de Queresa”. A capa em si, é o próprio pavão com seus encantamentos
e mistérios.
A obra ainda nos mostra uma linguagem concisa, direta. É o
que se observa da leitura de “Maneio”, “Regaço”, “Eclipse” e Partindo (págs.
23, 64, 110 e 111). Dizendo tudo em breves linhas, coisa que só a poesia pode
fazer. Talvez por isso seja difícil para o autor concluir as suas prosas,
embora ainda hoje seja cobrado pelo conto do “Ateu”, publicado na década de 60,
e escondido no fundo do Baú em dois poemas homônimos.
De logo se vê que a sua elegia não acaba por aqui. Outros
filhos literários hão de vir à luz.
Rau Ferreira